Cautelas e caldos de galinha nunca fizeram mal a ninguém. Por isso, e antes que seja tarde, Pedro Sánchez faz questão de dizer de viva voz aos investidores presentes em Davos que podem confiar no governo espanhol.
Esta é a primeira viagem de Sánchez como primeiro-ministro. Chegou ontem à noite, terça-feira, e concentra os seus trabalhos nesta quarta-feira. Os gestores espanhóis que estão em Davos comentam entusiasmados a sua vinda. Dizem: “Ainda bem que veio, é o primeiro decisor político espanhol que realmente fala inglês e que se fez ouvir em Davos.” É que nem Mariano Rajoy veio nem José Luís Zapatero achava muita graça a estes fóruns em inglês, sobretudo por não dominar o idioma.
Agora encetou-se uma nova era. Tradicionalmente, a primeira viagem do chefe do governo espanhol tinha por destino Marrocos, mas Sánchez cortou com a tradição e veio antes a Davos. Não teve rodeios nem receios das montanhas cheias de neve, sequer de entrar na boca do lobo – leia-se centro do capitalismo – para demonstrar como Espanha pode ser interessante para os homens do grande capital.
Apesar de nesta semana o FMI ter revisto em baixo as previsões de crescimento para aquela economia, Espanha precisa de ser de novo reconhecida como uma praça internacional e de confiança para todos os players internacionais.
Sánchez é o presidente da única verdadeira coligação governamental entre socialistas e um partido de extrema-esquerda numa grande nação europeia. Uma grande nação, cheias de “ganas”, mas que parecia não conseguir encontrar um governo para se governar a si mesmo.
Não só veio até à Suíça como, em alguns fóruns, falou do Podemos sem complexos e com transparência. Fê-lo de peito feito. Para os grandes capitalistas que chegam a Davos, os colegas de coligação são uma espécie de “comunistas perigosos”, mas o líder do executivo de Espanha garante que saberá lidar com esta coligação.
A ver vamos. Se correr tão bem quanto a geringonça portuguesa (que Espanha tentou copiar, mas não conseguiu), então Madrid não estará mal e o crescimento poderá continuar. Assim a coligação se mantenha coesa, equilibrada e com os pés assentes na terra em relação aos desafios que a nação e a Europa enfrentam. Seja como for, Sánchez já marcou pontos na tabela de créditos da comunidade internacional, incluindo media globais – que viram a sua presença, os seus discursos e a sua atitude como um sinal positivo para os anos vindouros.
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