Crescimento de energias renováveis bloqueia no mundo, mas avança no Brasil

Fonte: Grupo Independente Publicado em

Sinais de alerta para o desenvolvimento das energias renováveis se repetem nos últimos dois anos. Primeiro, a China desacelerou os ambiciosos planos de diversificação energética, à espera da conclusão de infraestruturas que possibilitarão um melhor aproveitamento da geração. E na Alemanha, exemplo europeu de transição para as energias limpas, o setor de eólicas enfrenta resistências e queda de subsídios, que levaram ao fechamento de fabricantes.

Os exemplos simbolizam uma estagnação mundial do setor, depois de um crescimento espetacular nos anos 2010. Em 2018, as instalações eólicas e solares responderam por 26% da energia mundial, um recorde. Pelo menos 70% da energia consumida em grandes cidades, como Seattle e Estocolmo, hoje vem de fontes renováveis. Entretanto, o ritmo de novas capacidades estacionou, conforme dados da Agência Internacional de Energia (AIE) e da rede internacional REN21, especialista na questão. Na Alemanha, as instalações recuaram 82% desde o início do ano. Nesse ritmo, a meta de fechar as usinas nucleares até 2022 e as de carvão antes de 2040 pode ser comprometida.

Para o pesquisador Nicolas Berghamans, do Instituto do Desenvolvimento Sustentável e Relações Internacionais (Iddri), de Paris, o setor é, de certa forma, vítima do próprio sucesso. Com a chegada de licitações de grandes projetos de renováveis, que chegaram à maturidade nos países desenvolvidos, apareceram também novos desafios.

Com menos vantagens econômicas diretas, a resistência da população alemã às turbinas eólicas ao barulho e o impacto na paisagem aumentou. O fenômeno se repete em outros países-modelo na questão, como a Holanda e a Dinamarca.

China aperta o freio

Já a China, o país que mais investe em renováveis no mundo, reajustou as políticas públicas para o setor, enquanto não são concluídas linhas de transmissão da energia para as zonas de consumo. “A China tem planos ambiciosos, mas ela atinge muito rápido os objetivos. O de fotovoltaicos previsto para 2020 foi atingido em 2016, e foi o que levou o governo a reduzir os incentivos em renováveis nesses anos”, comenta Berghmans. “Mas como ela tem uma indústria forte, continua a querer desenvolver as energias renováveis. As eólicas e solares ainda representam uma parte pequena da matriz elétrica. Tem muito espaço para expansão”, nota o pesquisador francês.

O Brasil começa a trilhar por esse caminho – nos últimos seis anos, a participação da energia eólica passou de 1% para 11,7% da produção total do país. O setor deve continuar promissor na próxima década. Incentivos fiscais, financiamento do BNDES e forte presença nas licitações favorecem o desenvolvimento do setor. O Brasil, exemplo de matriz energética limpa graças às hidrelétricas, tende a aperfeiçoar ainda mais o seu modelo, avalia.

 

Leia a matéria na integra