Pelo terceiro ano consecutivo, as instituições financeiras iniciam o mês de janeiro otimistas em relação à economia brasileira, traçando estimativas de que o Produto Interno Bruto (PIB) avance cerca de 2%. Nos dois anos anteriores, em 2018 e 2019, analistas de mercado trabalhavam com números parecidos, mas as expectativas rapidamente se deterioram ainda no primeiro semestre. Por que 2020 pode ser diferente?
Um ponto importante a ser considerado é que, nos últimos dois anos, o Brasil passou por um contexto mais agudo de incerteza política, o que torna as expectativas econômicas muito mais sujeitas a erro, segundo Robson Gonçalves, economista e professor da FGV. “Boa parte das previsões para 2019 foi contaminada pela volatilidade política, causada pela disputa eleitoral muito polarizada em 2018″, diz.
O Brasil dos últimos anos tem desafiado os analistas econômicos e políticos. O ano de 2016 foi consumido pelo impeachment da então presidente Dilma Rousseff. Em 2017, o vazamento da delação premiada feita pelo empresário Joesley Batista, dono do grupo JBS, fragilizou o governo de Michel Temer. A greve dos caminhoneiros gerou um apagão de abastecimento na primeira metade de 2018.
No final de 2017, porém, as projeções dos analistas indicavam um crescimento de 2,7% para o ano seguinte, que já começou com o rompimento da barragem da Vale em Brumadinho. O PIB acabou crescendo 1,3% em 2018.
“Hoje, a gente tem um governo que deve seguir em frente, com as suas turbulências também, mas com um grau de incerteza bastante menor”, diz Gonçalves.
As expectativas em relação ao governo Bolsonaro até o começo do ano passado embutiam também a esperança de uma aprovação rápida da reforma da Previdência e o consequente encaminhamento da crise fiscal brasileira. As previsões de mercado entraram 2019 apontando para um crescimento de 2,5% da economia no ano.
A demora do avanço da agenda de reformas e da recuperação econômica, no entanto, foi jogando esse número para baixo por meses, até que ele ficasse abaixo de 1%. Só voltou a subir após o avanço da reforma da Previdência no Congresso, em outubro.
Hoje, as estimativas de economistas e instituições financeiras consultadas pelo Banco Central (BC) apontam para uma expansão do PIB de 1,17% em 2019 (dado que deve ser confirmado pelo IBGE em março). Para 2020, é de 2,30%.
Esse nível de desempenho foi registrado pela última vez no país em 2013.
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