A indústria brasileira aguarda para talvez ainda esta semana a conclusão do acordo comercial entre o Mercosul e a Associação Europeia de Livre Comércio (EFTA, na sigla em inglês), formada por Suíça, Noruega, Islândia e Liechtenstein.
A barganha final poderá ocorrer em Buenos Aires em negociação que começou na segunda-feira. Os suíços querem uma proteção mais forte para patente de remédios, enquanto o Mercosul cobra maior volume em cotas para certos produtos agrícolas.
Para os países do Efta, o entendimento é importante para ter o mesmo nível de preferências que serão obtidas pelas empresas dos países da UE, o que dá uma evidente vantagem competitiva. Os países do EFTA são pequenos, mas muito ricos e importam cerca de US$ 400 bilhões por ano, muito mais que os países do Mercosul.
Se confirmado o acordo político, será mais um avanço na nova orientação da política comercial brasileira, no rastro do que foi acertado entre o Mercosul e a União Europeia (UE) em junho. “O acordo com o EFTA será mais um passo importante na direção da maior inserção internacional da economia e da indústria brasileira”, afirma o diretor de Desenvolvimento Industrial da Confederação Nacional da Indústria (CNI), Carlos Abijaodi.
No entanto, outras dificuldades virão depois, quando o acordo terá de passar pelos parlamentos nacionais, incluindo na Noruega, país com o qual o presidente Jair Bolsonaro resolveu deflagrar uma briga envolvendo a área ambiental.
Na Suíça, representantes do Partido Verde e agricultores já começaram a utilizar discursos de Bolsonaro sobre a área ambiental para se opor ao entendimento comercial.
A CNI aponta ganhos concretos num acordo Mercosul-EFTA. Exemplifica que o Brasil enfrenta tarifa para mais de 60% dos produtos que têm oportunidades de serem exportados para a Suíça, por exemplo. Esses produtos vão de alumínio, autopeças até bens agrícolas como carnes e grãos.
O fluxo comercial entre o Mercosul e o EFTA está no menor nível da última década. Caiu de US$ 7,7 bilhões em 2014 para US$ 4,6 bilhões no ano passado. O acordo pode reverter isso, na expectativa da CNI.
A Suíça é a grande origem de importações no EFTA (78%). A Suíça e Noruega representam cerca de 45% cada nas exportações do Brasil ao EFTA. O fluxo comercial está concentrado em produtos industriais: 94% das importações e 86% das exportações.
O Mercosul importa sobretudo produtos químicos e medicamentos. E exporta semimanufaturados, desde alumínio e ouro.
Pelos cálculos da CNI, o Brasil tem oportunidades em 541 grupos de produtos para exportação ao EFTA. Os países do EFTA são o segundo maior parceiro do Brasil em serviços, atrás apenas dos EUA. Arrendamentos e serviços de transporte marítimo são os principais setores.
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