Oito dias, mais de 20 cidades espanholas. Parece uma maratona, mas é uma viagem no trem de luxo que cruza Galícia, Astúrias, Cantábria, País Basco e Castela e Leão.
Com saídas entre maio e outubro, o passeio parte de Santiago de Compostela e chega à cidade de Leão (León, em espanhol), ou vice-versa.
Em um mesmo dia, dá para visitar até cinco cidades. Soa cansativo, mas o roteiro respeita o ritmo dos passageiros, quase todos idosos.
Feitos no próprio trem ou em ônibus, os trajetos entre as paradas são curtos: não duram mais que duas horas. Duas monitoras coordenam as excursões, que incluem tours acompanhados por guias locais, ingressos de atrações e refeições, algumas em restaurantes com estrela Michelin, caso do El Corral del Indianu, em Arriondas, nas Astúrias.
Os viajantes não precisam se preocupar com qualquer detalhe do itinerário. Até quando começa a chover, algo comum no norte da Espanha, a equipe oferece na mesma hora guarda-chuvas a todos.
O roteiro passa por igrejas, cavernas pré-históricas, palácios e obras dos arquitetos Antoni Gaudí (catalão, 1852-1926) e Oscar Niemeyer (brasileiro, 1907-2012). Estamos falando da Casa Botines , em Leão, e do Centro Internacional Oscar Niemeyer, em Avilés.
As 38 pessoas que participam da viagem fazem todas as atividades em grupo. Ninguém fica para trás, não importa se há alguma limitação de mobilidade —como no caso. Há tempo livre para aproveitar os destinos —ou até para uma “siesta” no trem.
Todos os deslocamentos são feitos durante o dia. À noite, o trem fica estacionado, o que garante um sono tranquilo, sem barulhos ou chacoalhões.
As 27 suítes, com 6 metros quadrados cada uma, são OK para um passageiro. Lembram cabines de veleiro, com acabamentos em madeira e centímetros bem aproveitados. Não há espaço para que duas pessoas se troquem ao mesmo tempo. Se sua relação estiver mais ou menos, evite. O banheiro tem ducha de hidromassagem e sauna a vapor.
Inaugurado em 1983, o Transcantábrico passou por diversas reformas ao longo dos anos. O trem tem quatro vagões da década de 1920, que foram adaptados para acomodar o restaurante e os bares. Os quartos ficam em composições fabricadas nos anos 1960, também remodeladas.
Os cafés da manhã e a maioria dos jantares são servidos no vagão-restaurante. O cardápio a bordo reflete a culinária típica de cada parada.
Na região das Astúrias, um dos pratos principais é a favada, prima da nossa feijoada. Os frutos do mar são regra na Galícia, onde são servidos crustáceos pouco conhecidos no Brasil, caso do bogavante, com sabor semelhante ao da lagosta.
As mesas têm sempre flores frescas. E a tripulação (de luvas brancas!) é eficiente, sem ser invasiva. Em todas as noites, há espetáculos com músicos locais. Na última delas, um mágico conduz o show e interage com os passageiros, em sua maioria espanhóis.
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