Publicação da KPMG faz uma análise do impacto econômico do surto da covid-19 na América do Sul

Fonte: KPMG Posted on

A redução da atividade econômica, queda nos níveis de exportação e na demanda por turismo, endurecimento das condições de acesso ao crédito são alguns dos principais impactos econômicos do surto da covid-19 nos países da América do Sul. A conclusão consta na publicação da KPMG que fez uma análise, do ponto de vista local e internacional, do efeito do isolamento social provocado nas principais indústrias como a manufatureira, automotiva, bancos, varejo, turismo, logística, transporte rodoviário, aeroportuário e no setor público. Além disso, o levantamento aponta o que os países da região estão fazendo para combater os efeitos da pandemia e melhorar as perspectivas para o próximo ano. 

Segundo a publicação, com relação à redução da atividade econômica, as medidas de isolamento implementadas nos países reduziram a oferta de mão de obra doméstica, causaram menor demanda externa, especialmente, nos setores transacionáveis e a dimensão do impacto dependerá das estruturas setoriais de cada um dos países como das medidas adotadas para mitigar a crise. Já a queda nos níveis de exportação na região, que depende de matérias-primas e de produtos básicos, proporcionou uma redução acentuada da demanda internacional e dos preços. Ainda de acordo com a publicação, o endurecimento das condições de acesso ao crédito foi causado pela incerteza dos mercados de capitais internacionais e o consequente aumento do risco contraiu a demanda pelos instrumentos emitidos na região, gerando assim pressões para a desvalorização das moedas perante a fuga de divisas. 

            “O fechamento de fronteiras e as medidas de isolamento adotadas pelos países para conter a expansão da covid-19 tiveram como primeiro grande resultado uma queda sem precedentes da atividade econômica mundial. Além disso, esse processo, que proporcionou um aperto nas condições de acesso a financiamentos e impactos nos preços das matérias-primas, embora tenha efeitos na economia global, acaba tendo um impacto maior nos países que não dispõem dos recursos necessários para enfrentar a crise ou que necessitam de ajuda internacional”, analisa o sócio líder de mercado e cliente da KPMG no Brasil e na América do Sul, Jean Paraskevopoulos Neto.

 

Efeito internacional

 

Segundo a publicação, do ponto de vista internacional, a implementação de medidas similares no resto do mundo, especialmente nos Estados Unidos, China e União Europeia, que são os principais parceiros comerciais da América do Sul, reduziu a demanda internacional por mercadorias, levando a níveis mínimos de receitas de exportação, não apenas em função da queda nas quantidades vendidas, mas também do efeito contracionista que uma menor demanda externa tem sobre os preços. 

“Essa situação afetou os setores transacionáveis ou dependentes da exportação que na América do Sul estão, principalmente, relacionados à produção primária, basicamente as atividades agropecuária, de mineração e a produção de petróleo e gás, mas também à indústria manufatureira. Nesse sentido, a queda na demanda por alimentos, principalmente, proveniente da China, minerais e derivados de petróleo representa uma das barreiras mais importantes que os setores de produção primária devem enfrentar globalmente, especialmente, na América do Sul”, analisa. 

De acordo com o levantamento, é importante observar que a queda dos preços externos é um dos eventos que mais afetará a região e um dos principais determinantes para o fraco desempenho esperado na maioria dos setores produtivos. Embora a maioria das commodities tenha começado a recuperar parte do valor nos últimos meses, isso ocorre juntamente com a retomada da atividade econômica em muitos países do mundo, especialmente, na China, nos Estados Unidos e na União Europeia. 

“Essa nova realidade, que propõe uma estrutura de preços persistentemente baixa para a maioria das mercadorias produzidas na região, uma situação que pode inicialmente beneficiar os importadores desses insumos, melhorando esporadicamente os saldos externos, coloca em xeque sistemas produtivos da maioria dos países, ao mesmo tempo em que inviabiliza projetos de extração agroalimentar, de petróleo e mineral, principalmente na Argentina, Brasil, Venezuela e Colômbia”, finaliza. 

 

Impacto nos setores locais:

 

  • Público – Em termos gerais, não está preparado para o trabalho remoto, pode ser especialmente afetado ao precisar manter a força de trabalho em uma situação marcada pelo aumento das alocações orçamentárias para a saúde pública e por uma queda sustentada nas receitas fiscais. 
  • Indústria manufatureira – Também afetada pela contração externa que é um dos fatores que paralisa a atividade, tendo como resultado a indisponibilidade da mão de obra, aumento da capacidade ociosa, queda dos níveis de produtividade, fechamento das fábricas e conflitos que começam a ocorrer na cadeia de suprimentos. 
  • Indústria automotiva – Fechamento dos principais mercados de exportação da indústria automotiva (por exemplo, o mercado argentino para a indústria automotiva brasileira) que também se viu impactada pelo aumento de preços e pelo desabastecimento de insumos e fechamento de algumas plantas de produção. 
  • Bancos – Passaram a administrar ativos de maneira eficiente para se protegerem dos aumentos da taxa de inadimplência, endurecendo as condições de acesso ao crédito e restringindo um dos principais canais de desenvolvimento. Esse setor é um dos mais focados nas políticas de contenção implementadas pelas autoridades na maioria dos países da América do Sul que visam a aumentar a liquidez e a disponibilidade de crédito. 
  • Varejo – O fechamento de lojas e a perda de contato com as pessoas geraram uma queda considerável no nível de vendas das empresas de varejo que, durante muito tempo, sustentaram o modelo de negócios na loja física. Aquelas, que ainda não adotaram os benefícios das plataformas digitais, devem aproveitar essa crise como uma oportunidade e migrar rapidamente para elas. 
  • Turismo –  Impactado pela redução do desempenho ao longo do ano, o que pode complicar com a previsão de deterioração da demanda externa por produtos básicos, com o resultado das contas comerciais das economias regionais naqueles países onde o turismo receptivo costuma ser maior que o turismo emissivo ou onde a infraestrutura e a maioria das atividades domésticas visam a promover essa atividade, por exemplo, Uruguai, Colômbia, Bolívia e Peru. 
  • Logística, transporte rodoviário e aeroportuário – Os problemas de logística gerados pela suspensão da atividade nos centros produtivos e pela falta de pessoal operacional especializado acabam afetando as cadeias de distribuição, gerando sérios inconvenientes na disponibilidade e no abastecimento de produtos para consumo final. Setor de transporte está registrando uma queda significativa no fluxo e na receita de passageiros e um horizonte incerto de recuperação. 
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